Hoje vamos dar uma palavrinha sobre profissionais da
Educação. Mais especificamente, sobre professores – independente do nível de
ensino que lecionam - no ensino regular.
Você com certeza já teve que se deparar com muitas respostas
“não”, em vários tons de fala, ao tentar matricular seu filho em uma escola
nova. Ou tentar argumentar sobre as mudanças que seu filho precisa dentro do
colégio onde ele estuda, e que foram sem sucesso e te deixaram com muita raiva
ou decepcionado/a.
O problema é que
colégios não querem saber de Inclusão de jeito nenhum.
Opa!
Reavalie essa frase...
Vamos pensar:
Sim, é verdade que a tendência atual é ver no nosso país
muitas negativas acerca da inclusão, traduzidas em vários argumentos do tipo:
·
“ não tenho formação pra isso”;
·
“ não é problema meu”;
·
“ é muito complicado”;
·
“ esses alunos não deveriam estar estudando
(aqui)” ;
·
” ninguém do meu colégio faz esse trabalho”;
·
“ nunca me pediram isso”;
·
“ eu não sei como fazer”;
·
“ eu não quero e não preciso aprender sobre inclusão”,
dentre outras variações.
Como citei no começo desse texto, viemos falar dos professores
.
Por que falei para você reavaliar a frase em laranja?
Porque, sejamos justos: não são todos eles que falam essas
frases. Não são todos os que concordam com essas negativas. Assim como outros
profissionais, existem professores de todos os perfis. Vamos a eles:
1.
Professor “Liga o botão” – é aquele professor
que apesar de saber que inclusão está vindo pra ficar, se nega a aprender
quaisquer coisas acerca do assunto. Diz a todos que não quer saber e que não é
obrigado, porque já leciona e é obrigado a aperfeiçoar o seu conteúdo do dia a dia.
Alega que “não é problema dele” e que em sua formação não teve nenhuma matéria
ou (pouquíssima – um semestre apenas) sobre alunos com deficiência. Acha que
inclusão já é feita aceitando matrícula, sendo bonzinho e compreensivo com os
alunos, e enxergando a socialização como sinônimo de inclusão. Não quer nem
começar a conversar sobre o assunto, arriscando-se a vê-lo irritado;
2.
Professor “Pólo Negativo” – É aquele professor
que sabe da importância da inclusão, mas que vê tudo pro lado negativo. Que é
algo impossível, difícil, mesmo acreditando que os alunos mereçam um trabalho
aperfeiçoado. Já viu excelentes exemplos na internet, mas argumenta “ah, lá dá
certo. Aqui, isso nunca vai dar. Nem adianta começar”;
3.
Professor “Gasparzinho” - É o que faz o trabalho de inclusão sozinho, no
colégio, pois não encontra parceiros que concordem com ele. Ele adapta aulas, conteúdos
e avaliações sem contar e de uma forma sutil, que poucos ou quase ninguém
perceba que isso está acontecendo, pois pode ser mal visto -> (“esse aí quer
aparecer / “quer nos impor uma mudança impossível” / “quer me obrigar a mudar
algo que já faço há 30 anos”/ ”está se achando com esse assunto” / “quer virar
Diretor” / “quer insistir numa coisa que não adianta, pois esses alunos não vão
pro ENEM” etc);
4.
Professor “Mártir” – Esse profissional é como o anterior,
porém ao invés de se silenciar, leva argumentos, textos, imagens, novas ideias aos
outros colegas de trabalho sempre que surge uma oportunidade. Esse tipo é o
mais raro, porque com o tempo pode*
começar a ouvir comentários de ameaça de demissão da Direção da escola ou boicote ao seu trabalho,ser taxado como
insuportável ou insistente, e por causa disso, começa a diminuir seu foco na
educação inclusiva – ou ele mesmo por sua conta pede demissão de onde está, por
não encontrar meios de trabalhar com motivação e com justiça;
5.
Professor “Laissez-Faire** ” – É o que ouve a
primeira negativa e se conforma com a situação. Sente vontade de desabafar (chateado)
aos pais de alunos que quer mudar, mas que infelizmente se sente coibido ou
impedido de fazer quaisquer mudanças, por medo de demissão ou de criar um clima
ruim no ambiente de trabalho. Então, interrompe tudo o que vinha lendo e
aprendendo sobre inclusão, suspira e deixa o assunto pra lá, mesmo contra sua vontade;
6.
Professor “Aladim” – É aquele que deseja
intensamente ver mudanças, mas como é a primeira vez que recebe alunos com
deficiência na sua turma, e não teve nada de inclusão em sua graduação, se
sente perdido e não saber como começar. E não encontra ninguém que o ajude
dentro do colégio. Quando vê que o colégio não traz até ele nenhum curso de
formação, nenhum incentivo a se reunir para debater o assunto inclusão, acha
que não precisa então se mexer “porque era o colégio que tinha que me dar
cursos extras ou um norte, para se fazer esse trabalho.” Então ele não faz
nada, apesar de achar que as mudanças deveriam acontecer. Ele fica no aguardo
que outros comecem essas mudanças, e não se vê na posição desse agente
transformador.
Cabe outra observação, que particularmente ouvi falar pouco
no universo virtual e em depoimentos particulares:
Acontece da Coordenação
desejar fazer um trabalho diferenciado, mas ter a maioria dos professores
contra isso. Logo, a Direção, apesar de também desejar essa mudança, dá de
ombros e diz “é, a maioria deles não concorda com isso. Então vamos ter que
deixar como está. Fazer o quê? ”
Caro pai, mãe e/ou responsável: tudo isso acontece fora das
suas vistas, ou seja – nos bastidores
do colégio onde seu filho estuda. Você provavelmente não percebe, fica sabendo
ou sabe dessas situações, pois quando vai até lá para saber das condições que
seu filho tem direito, vai apenas até a Direção para conversar. O panorama que
é mostrado a você nesse contato com o Diretor é apenas uma ponta do iceberg.
Poucos ou nenhum professor vai te contar em qual definição acima que ele se
encaixa, por medo de demissão , principal
e provavelmente. Todos ou grande maioria serão unânimes em te dizer: “aqui
não se faz esse trabalho” porque no final das contas, a hierarquia superior
(Direção) é que vai dar o veredicto final a todos eles: “aqui não se faz esse
trabalho” e eles terão que repetir exatamente essa afirmação para você, numa reunião – sentindo total desprezo
pela atitude (se ele for a favor da inclusão) ou alívio (se for contra).
Portanto, não é todo
mundo que (entre aspas, reforço! ) “está contra a permanência do seu filho
no colégio” ou “que tem desprezo pela inclusão”. Sejamos justos e não julguemos
os profissionais, sem realmente conhecê-los. Não é todo mundo que está no mesmo
barco.
** OBSERVAÇÃO IMPORTANTE**
O post foi escrito em de 31 de maio/2016 , e no dia 07 de junho/2016, eis que me deparo com esse depoimento marcante (retirado de uma comunidade do Facebook, ligado à pessoas com autismo ) de uma professora de ensino regular .O que só me prova,mais uma vez, que inclusão é possível SIM. Depende só da pessoa querer,ter boa vontade e comprometimento.
*não
significa que seja uma regra, pois existem os que são bem sucedidos. Porém esse
professor pode ser o único que faz esse trabalho, no meio de mais deles
no mesmo colégio. Então, o seu filho pode estar sendo atendido em uma
disciplina apenas quando se trata de inclusão de verdade.
**
expressão francesa que significa: “deixai
fazer, deixai passar”
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