A Justiça Federal determinou que o Inep corrija novamente a redação de um jovem que teve nota zero no Enem. O candidato tem paralisia cerebral, mas as necessidades especiais não foram consideradas na hora correção.
“Ele nunca levou um zero e esse zero foi determinante. É esse zero que a gente está questionando porque é dito que ele foi analisado de uma forma diferente, mas eu quero saber que critérios”, diz a mãe do estudante, a jornalista Mônica Nunes.
Os critérios do MEC para anular uma redação estão no edital do Enem: quando o candidato não utiliza um texto dissertativo-argumentativo deixa a folha em branco, escreve menos de sete linhas, usa outras formas de linguagem, a exemplo de desenhos, desrespeita os direitos humanos ou foge ao tema. O tema da redação do ano passado foi sobre a violência contra a mulher.
“Em nenhum dos critérios ele zeraria, isso foi totalmente injusto a forma como foi avaliada. Além de não haver um critério diferenciado, ele não tinha possibilidade alguma, mesmo nos critérios gerais, de tirar zero”, fala a professora de redação de Felipe, Maria José dos Santos.
“Não penso só em Felipe, mas quantos Felipes a gente tem, quantos Henriques, quantos Joãos. Então que seja feita justiça”, fala o pai de Felipe, o comerciante Luis Alfredo Filho.
O caso do Felipe foi parar na Justiça Federal, que determinou que o Inep faça uma nova correção da prova num prazo de 30 dias.
O juiz federal, que assina a decisão diz que o Inep, agiu de forma inconstitucional porque não teria levado em consideração a lei de inclusão das pessoas com deficiência.
“Houve uma contradição da administração: num primeiro momento permitiu a inscrição do candidato sob uma ótica de uma pessoa portadora de necessidade especial, só que na correção aparentemente o Inep corrigiu a prova do Felipe como os demais candidatos”, explica o juiz federal Flávio Marcondes.
Em nota, o Inep informou que a nota zero foi pelo que o candidato escreveu. Dois corretores consideraram que o texto não atendia as exigências do edital. O Inep disse que vai recorrer da decisão.
Nem por isso deixou de frequentar a escola até o último ano e fazer o Exame Nacional do Ensino Médio para tentar uma vaga no curso de música. Só que a nota da redação dele foi zero. “O que eles fizeram comigo foi desumano", fala Felipe.O estudante Luiz Felipe Alves aproveita a juventude navegando na internet, estudando, aprendendo a tocar instrumentos e até se arriscando como DJ. Felipe nasceu com hidrocefalia - uma doença que faz o crânio acumular mais líquido do que o normal, e isso provocou uma paralisia cerebral. Ele tem dificuldade motora e na fala e retardo no aprendizado.
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