"Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

"Que aluno fraquinho!"

Retirado de: http://www.prof-edigleyalexandre.com/2015/06/voce-aluno-fraquinho.html


Desprezando qualquer forma de barreira psicológica ou patológica que possa impedir que um aluno obtenha um aprendizado satisfatório sobre Matemática, o que determina um aluno fraquinho? O que é um aluno fraquinho? Ou você é um professor fraquinho?
Você é um aluno fraquinho!

Já ouvi muito ele é um aluno fraquinho, tanto por professores que já convivi profissionalmente, como também por outros alunos mais avançados. Neste momento, uma auto-avaliação começa a tomar meus pensamentos e surgi então diversas perguntas. Muitas delas não consigo responder, outras encontro uma solução parcial. A verdade é que, mesmo não sendo capaz de, naquele momento, não encontrar meios para contornar uma situação desfavorável para um estudante, sinto que tenho uma responsabilidade extra sobre o seu aprendizado. E isso me incomoda muito, quando não consigo alcançar a todos como queria.

É muito fácil jogar a culpa para um aluno, alegando que ele é fraquinho e não tem habilidades para seguir os estudos nas próximas séries/ano, dar uma nota negativa e seguir a vida como se nada tivesse acontecido. É muito difícil olhar para o nosso trabalho e ver que temos uma enorme parcela de culpa quando um aluno mostra rejeição às aulas ou aos seus estudos.

Neste momento, me sinto um professor fraquinho, pois os planos traçados não foram suficientes e não atingiram todos os alunos da melhor forma possível. Toda a metodologia e a didática só surtiram efeitos em alguns. E os outros?

Não importa se o aluno tem um grau de desinteresse pela disciplina, ou ainda pelos estudos. Não importa se ele não carrega consigo sua consciência do que significa ser um estudante. Cabe ao professor e a equipe pedagógica ajudá-lo. Não me refiro a dar aula de reforço, planejar e dar uma aula sensacional cheia de recursos, diversão, interatividade, jogos, debates, etc., atraindo a atenção do seu aluno para as aulas de Matemática ou de qualquer disciplina. Claro, tudo isso conta muito e auxilia incrivelmente.

Porém, existem duas situações que percebi que surtem efeitos rápidos. Tais fatores trazem bons resultados, principalmente para aqueles não atingidos por outras metodologias diretas e indiretas aplicadas em sala de aula.

Independentemente se o professor tem tempo ou não, isso não pode servir como justificativa para uma não tentativa de colaborar para melhoria estudantil do seu aluno.

Fator 1 - Não desista do seu aluno

Já li muitos textos em sites especializados em Educação. A maioria deles apontam que a aprendizagem está relacionada a diversos fatores. O bom ensino por parte do professor é um deles. E quando este falha? O que fazer? Muitas vezes pensamos:
  • Eu trabalho em dois expedientes, não tenho tempo para auxiliar um aluno em outro horário;
  • Não sou pago para dar aula reservada, dou aula somente para turma;
  • Não entendeu o assunto agora, estude mais em casa;
  • Não posso fazer nada.

Às vezes, a solução é mais simples do que imaginamos. Na maioria das vezes, o problema pode ser contornado, insistindo no mesmo método de aula. Como assim?

Seja uma aula teórica tradicional, utilizando novas tecnologias ou com objetos de aprendizagemlúdicos; não desista do seu aluno e não deixe que ele perceba sua fraqueza por não saber lidar com essa situação.

Sou professor do 6º ano do Ensino Fundamental 2 ao 3º ano do Ensino Médio, e todo o dia lido com situações que me deixam "sem saída".

Durante o 1º bimestre deste ano (2015) um aluno do 6º ano lutava incansavelmente para entender um conteúdo, relativamente simples para nós, mas para ele não. A única alternativa que apliquei nos momentos em sala de aula, foi insistir em explicações mais detalhadas ainda.

No final do bimestre a avaliação deste aluno coincidiu com o meu aniversário. E neste dia, ao informar a sua nota (9,0), recebi uma cartinha que me fez chorar. O final da carta dizia assim: "...obrigado por não desistir de mim."

Continue lendo.

Fator 2 - Método do "faça errado, mesmo sem saber como"

Depois de tantas explicações e observações pontuais específicas sobre o conteúdo em questão, anotei uma série de instruções para ser realizada em casa pelo aluno. Como não há tempo suficiente para auxiliá-lo individualmente, a ideia que veio em minha mente é de saber o porquê de ele não aprender.

São elas:

  • Leia atentamente as definições e conceitos matemáticos atentamente;
  • Observe bem a linguagem matemática dos exemplos e dos exemplos resolvidos;
  • Crie um exercício de nível fácil e tente resolvê-lo;
  • Crie um exercício de nível médio e tente resolvê-lo;
  • Crie um exercício de nível avançado e tente resolvê-lo;
  • Quando não conseguir resolver nenhum exercício de qualquer nível, mesmo assim tente resolvê-los.
    • Tente resolvê-los sem ajuda externa;
    • Mesmo quando haver dúvida do que vai calcular, assim faça;
    • Nunca deixe de fazer um cálculo, por medo de errar, pois esse é o momento de errar;
    • Algum aprendizado carrega consigo, resta identificar como aplicar corretamente.

Após uma semana de aula sobre um determinado conteúdo matemático, aliado aos estudos frequentes em casa, tentar resolver problema-situações não é fácil, pois a falta de confiança ainda supera o medo de errar.

E é neste ponto que este "método" começa a fazer a diferença, pelos menos com os meus alunos.

O papel do professor nesta tarefa:
Ao fazer as correções dos exercícios com a turma, a instrução principal é: NUNCA APAGUE AS RESPOSTAS ERRADAS encontradas em sala de aula ou em casa. Em vez disso, corrija os possíveis erros escrevendo as soluções corretas ao lado das respostas erradas.

Desta forma é possível comparar e localizar os verdadeiros erros que levaram o aluno a não entender o conteúdo total de forma correta. Na maioria das vezes é uma questão de caráter interpretativo que levou a confundi-lo.

Concluindo

A ideia deste post não é influenciar na forma como você, professor, administra suas aulas e o aprendizado de seus alunos. No entanto é importante perceber que a maioria das vezes que identificamos deficiências cognitivas em nossos alunos, foram através de um simples bate papo informal em sala de aula ou mesmo pelos corredores da escola.

Nem sempre é possível identificar deficiências comuns, pois estas exigem o olhar de outro profissional qualificado. Por exemplo, tenho um aluno com dislexia, e que fiquei sabendo deste fato muito tempo depois. Suas habilidades com cálculo nunca foram anormais, mas só agora percebi que o que falta nele é saber interpretar problemas e enunciados contextualizados. Neste caso um acompanhamento específico é necessário para a sua evolução escolar.

É importante estar ciente de que a deficiência escolar de um aluno em alguma disciplina não deve ser associada somente a sua capacidade intelectual de aprendizagem, e assim, denominá-lo como ele é muito bom ou ele é fraquinho. Tais situações não podem ser apenas identificadas em avaliações formais escritas. Muito menos em 50 minutos de aula.
EDIGLEY ALEXANDRE
Graduado em Matemática pelo DME na UERN em 2007, leciona Geometria, Matemática e Física. Seu interesse é compartilhar conhecimento matemático interligado à Tecnologia da Informação e Comunicação. Já publiquei 814 posts no blog.

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