Não tem Artes na grade curricular do colégio? Sem problemas!
ANA MAE INFORMA: A CRISE EUROPEIA E A ARTE/EDUCAÇÃO
Retirado deste site
Gostei muito de uma entrevista do poeta Francisco Bosco,
novo Diretor da Funarte. Quando lhe perguntaram o que
se pode fazer pela Cultura sem dinheiro ele respondeu:
"Questões relativas a arte e educação, como o ensino
das artes nas escolas ou os processos formativos,
não custam dinheiro. Custam vontade e determinação
política".
Com quase 60 anos de trabalho como arte/educadora
em todos os níveis educacionais, da educação infantil
aos pós-doutorados sou mais realista. Precisamos sim,
de dinheiro para Arte/Educação mas de muito pouco
em relação a outras áreas da Arte e da Cultura.
Estive na Espanha agora em julho (2015) e testemunhei
uma reação muito interessante de pais de crianças contra
a ausência de Arte nas escolas provocada pela crise. Eles
são de uma geração que teve arte incluída em sua educação
e a querem para seus filhos. Observei um workshop de uma arte/educadora excepcional cujo trabalho acompanho desde
que ela era aluna de doutorado da Complutense em Madri.
Seu nome é Rita Noguera.
A escola em que trabalhava fechou. Ela se apoia em
seu trabalho na Pedagogia Sistêmica e na Abordagem
Triangular. Atualmente desempregada como muitos
amigos meus em Madri, é frequentemente convidada
por mães que reúnem crianças em sua casa para
fazerem Arte, já que não tem Arte na escola. Esta
moda começou em aniversários. Em vez de comemorar
os aniversários de seus filhos em estereotipados e
caros bufês infantis, os pais conscientes da necessidade
da Arte começaram a convidar arte/educadores para
planejar e executar atividades artísticas para as crianças.
Agora nem precisa ser aniversário.
Fotografia: Ana Lia Barbosa Lemos/Rita Noguera
Acompanhei Rita em um workshop encomendado
por uma jovem bailarina cubana, mãe de uma
criança de quatro anos em Valdemoro, cidade
perto de Madri. Ela reuniu em sua casa 11 crianças
de 2 a 7 anos e seus pais (um dos bons princípios
da Pedagogia Sistêmica é incluir os pais nas
atividades das crianças), fez um a mesa de lanche
com muita fruta e bolos mas o pagamento da
professora foi dividido entre as famílias participantes.
O dia estava escaldante e brilhante, o condomínio
era de belas casa mas não luxuosas, chegamos
uma hora antes.
Fotografia: Ana Lia Barbosa Lemos/Rita Noguera
O espaço foi cuidadosamente preparado em três
setores. No primeiro setor, a sala, Rita reuniu
todos sentados no chão, pais, mães sem sapatos
e crianças também sem camisa, leu uma história
de travessura de crianças pintando o corpo com
tinta e mostrou várias imagens de pintura corporal,
de diferentes civilizações, bem apresentadas em
papel rígido. Rita tem o talento de prender a atenção
das crianças. A conversa se desenrolou com
perguntas e comentários feitos só pelas crianças.
Os pais pareciam tímidos.
Ainda na sala, Rita propôs que com lápis de cera
bem macio as crianças começassem a desenhar
em seus corpos. Os pais começaram a participar.
Passamos para o segundo setor, um alpendre com
vista para o gramado e as tintas e pincéis foram
distribuídas. De início cada um com uma cor
diferente depois começaram a trocar entre eles
as cores e a pintarem também os pais e as mães
que mergulharam na ação.
Fotografia: Ana Lia Barbosa Lemos/Rita Noguera
Fotografia: Ana Lia Barbosa Lemos/Rita Noguera
A experimentação durou uma hora e meia, até que,
esgotadas as tintas que haviam sido preparadas
com sabonete líquido para evitar adesão à pele,
passamos para o último espaço, o gramado
preparado com baldes e mangueiras.
Depois de limpos e enxutos devoraram os doces
e as frutas. Os comentários finais foram muito
entusiasmados e alimentados pelas constantes
afirmações de:
- Quero mais.
Costuma-se dizer que em tempos de crise só
os restaurantes permanecem ativos pois todos
precisamos comer. O que vi na Espanha neste
verão de 2015 é que pais conscientes das funções
da Arte na Educação mesmo em tempo de crise,
quando a Arte, a proteína da Educação, é a primeira
coisa a ser cortada das escolas, providenciam
experiências de atividades artísticas para seus
filhos.
Mandei este texto para Rita antes de publica-lo
e ela me sugeriu lembrar que neste momento de
crise psicólogos inteligentes recomendam esta
prática de esporádicos workshops artísticos para
crianças, como é o caso de Yassodára S. Machado
e Júlia Durruty, psicóloga da primeira infância que
é amiga de Rita.
Ana Mae Barbosaespecial para AEP Online
novo Diretor da Funarte. Quando lhe perguntaram o que
se pode fazer pela Cultura sem dinheiro ele respondeu:
"Questões relativas a arte e educação, como o ensino
das artes nas escolas ou os processos formativos,
não custam dinheiro. Custam vontade e determinação
política".
em todos os níveis educacionais, da educação infantil
aos pós-doutorados sou mais realista. Precisamos sim,
de dinheiro para Arte/Educação mas de muito pouco
em relação a outras áreas da Arte e da Cultura.
uma reação muito interessante de pais de crianças contra
a ausência de Arte nas escolas provocada pela crise. Eles
são de uma geração que teve arte incluída em sua educação
e a querem para seus filhos. Observei um workshop de uma arte/educadora excepcional cujo trabalho acompanho desde
que ela era aluna de doutorado da Complutense em Madri.
Seu nome é Rita Noguera.
seu trabalho na Pedagogia Sistêmica e na Abordagem
Triangular. Atualmente desempregada como muitos
amigos meus em Madri, é frequentemente convidada
por mães que reúnem crianças em sua casa para
fazerem Arte, já que não tem Arte na escola. Esta
moda começou em aniversários. Em vez de comemorar
os aniversários de seus filhos em estereotipados e
caros bufês infantis, os pais conscientes da necessidade
da Arte começaram a convidar arte/educadores para
planejar e executar atividades artísticas para as crianças.
Agora nem precisa ser aniversário.
por uma jovem bailarina cubana, mãe de uma
criança de quatro anos em Valdemoro, cidade
perto de Madri. Ela reuniu em sua casa 11 crianças
de 2 a 7 anos e seus pais (um dos bons princípios
da Pedagogia Sistêmica é incluir os pais nas
atividades das crianças), fez um a mesa de lanche
com muita fruta e bolos mas o pagamento da
professora foi dividido entre as famílias participantes.
O dia estava escaldante e brilhante, o condomínio
era de belas casa mas não luxuosas, chegamos
uma hora antes.
O espaço foi cuidadosamente preparado em três
setores. No primeiro setor, a sala, Rita reuniu
todos sentados no chão, pais, mães sem sapatos
e crianças também sem camisa, leu uma história
de travessura de crianças pintando o corpo com
tinta e mostrou várias imagens de pintura corporal,
de diferentes civilizações, bem apresentadas em
papel rígido. Rita tem o talento de prender a atenção
das crianças. A conversa se desenrolou com
perguntas e comentários feitos só pelas crianças.
Os pais pareciam tímidos.
A experimentação durou uma hora e meia, até que,
esgotadas as tintas que haviam sido preparadas
com sabonete líquido para evitar adesão à pele,
passamos para o último espaço, o gramado
preparado com baldes e mangueiras.
Depois de limpos e enxutos devoraram os doces
e as frutas. Os comentários finais foram muito
entusiasmados e alimentados pelas constantes
afirmações de:
os restaurantes permanecem ativos pois todos
precisamos comer. O que vi na Espanha neste
verão de 2015 é que pais conscientes das funções
da Arte na Educação mesmo em tempo de crise,
quando a Arte, a proteína da Educação, é a primeira
coisa a ser cortada das escolas, providenciam
experiências de atividades artísticas para seus
filhos.
e ela me sugeriu lembrar que neste momento de
crise psicólogos inteligentes recomendam esta
prática de esporádicos workshops artísticos para
crianças, como é o caso de Yassodára S. Machado
e Júlia Durruty, psicóloga da primeira infância que
é amiga de Rita.
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