"Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras

sábado, 29 de novembro de 2014

Verdades sobre a inclusão escolar

Retirado deste artigo


AS PERSPECTIVAS


A escola para a maioria das crianças brasileiras é o único espaço de acesso aos conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é o lugar que vai lhes proporcionar condições de se desenvolver e de se tornar um cidadão , alguém com identidade social e cultural

Melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. Não podemos nos contradizer nem mesmo contemporizar soluções, mesmo que o preço que tenhamos de pagar seja bem alto, pois nunca será tão alto quanto o resgate de uma vida escolar marginalizada, uma evasão, uma criança estigmatizada, sem motivos.

A escola prepara o futuro e de certo que se as crianças conviverem e aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para defender o indefensável.

A inclusão escolar remete a escola a questões de estrutura e de funcionamento que subvertem seus paradigmas e que implicam em um redimensionamento de seu papel, para um mundo que evolui a "bytes".

O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela sua lógica, pela ética de seu posicionamento social.
A inclusão está denunciando o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar brasileira. A inclusão é reveladora dessa distância que precisa ser preenchida com as ações que relacionamos anteriormente.

Assim sendo, o futuro da escola inclusiva está, ao nosso ver, dependendo de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente embuídos do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.

Se hoje ainda são experiências locais, as que estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em escolas e redes de ensino brasileiras, estas experiências têm a força do óbvio e a clareza da simplicidade e só essas virtudes são suficientes para se antever o crescimento desse novo paradigma no sistema educacional.

Não se muda a escola com um passe de mágica.

A implementação da escola de qualidade, que é igualitária, justa e acolhedora para todos, é um sonho possível.

A aparente fragilidade das pequenas iniciativas, ou seja, essas experiências locais que têm sido suficientes para enfrentar o poder da máquina educacional, velha e enferrujada, com segurança e tranquilidade. Essas iniciativas têm mostrado a viabilidade da inclusão escolar nas escolas brasileiras.

As perspectivas do ensino inclusivo são, pois, animadoras e alentadoras para a nossa educação. A escola é do povo, de todas as crianças, de suas famílias, das comunidade, em que se inserem.

Crianças, bem-vindas à uma nova escola !

Usando o que se tem: nada dura para sempre


PUBLICADO EM 29/11/14 - 04h00

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A ideia de interação entre espectador e obra de arte encontra, cada vez mais, novas formas. Além disso, o flerte da arte contemporânea com efemeridade se comprova em algumas obras de muitos artistas, que circulam entre a performance, as artes visuais, a videoarte, o teatro, a dança, dentro outros. Um bom exemplo dessas “interações efêmeras” é a obra do artista chinês Song Dong, que abrirá a exposição “Eating The City” (Comendo a Cidade), nesta sábado (29), no CCBB, às 10h.


A instalação, que faz parte da mostra “Ciclo – Criar Com o que Temos”, reproduz uma cidade comestível fantasiada pelo chinês e ganha elementos particulares em cada lugar onde por onde passa. “Faremos o Mineirão, o prédio de Niemeyer (Bolo de Noiva), o viaduto de Santa Tereza, dentre outras coisas”, revela Sarina Tang, produtora e tradutora de Song Dong.

Com biscoitos, bolachas e balas, as cidades de comer de Song já passaram por 11 diferentes cidades, a última delas em São Paulo. “Dong é de Pequim, uma cidade que está morta, por sua produção industrial em alta escala. Então, sua primeira ideia foi fazer uma cidade como ele fantasiava”, pontua Tang. “Outro aspecto importante é pensar no papel da comida e o fato de muitos chineses terem passado fome durante a Revolução Cultural. O pai de Dong era perseguido pelo regime maoísta e foi mandado para fora do país e ele e sua família não tinham o que comer. Vários de seus trabalhos se inspiram na comida”, completa.


A mostra “Ciclo – Criar Com o que Temos” é gratuita e vai até o dia 19 de janeiro de 2015, no CCBB, na praça da Liberdade.

sábado, 22 de novembro de 2014

Professor/a, esta é a sua mais nova realidade


Necessidades Educativas Especiais na Europa 


PUBLICAÇÃO TEMÁTICA

Janeiro 2003 


Agência Europeia para o Desenvolvimento em Necessidades Educativas Especiais

 
Com a contribuição da EURYDICE 

A Rede de Informação sobre Educação na Europa 


Retirado deste site



ÍNDICE 


PREFÁCIO

INTRODUÇÃO

1 A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS 
NA EUROPA: POLÍTICAS E PRÁTICAS INCLUSIVAS

1.1 CARACTERÍSTICAS COMUNS DAS POLÍTICAS E DAS PRÁTICAS

1.2 DEFINIÇÕES DE NECESSIDADES ESPECIAIS/DEFICIÊNCIA 

1.3 RESPOSTAS PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 

1.4 AS ESCOLAS ESPECIAIS

1.5 OUTROS ASPECTOS RELACIONADOS COM OS RECURSOS ESPECIAIS E A INCLUSÃO 

1.6 TENDÊNCIAS COMUNS NA EUROPA

1.7 COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS 

2. O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES 
EDUCATIVAS ESPECIAIS 

2.1 MODELOS DE FINANCIAMENTO

2.1.1. PARÂMETROS DOS MODELOS DE FINANCIAMENTO 
2.2. SISTEMAS DE FINANCIAMENTO

2.3 COMPETÊNCIA, EFICÁCIA, COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO E RESPONSABILIZAÇÃO

2.4 COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS

3. OS PROFESSORES E A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES 
EDUCATIVAS ESPECIAIS 

3.1 INCLUSÃO E APOIO AOS PROFESSORES 

3.2 A FORMAÇÃO INICIAL EM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
GRÉCIA 

3.3 A FORMAÇÃO COMPLEMENTAR EM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS 
3.4 COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS

4. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL

4.1 AS TIC E AS POLÍTICAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES  EDUCATIVAS ESPECIAIS

4.2 APOIO DE ESPECIALISTAS EM TIC NA EDUCAÇÃO EM NECESSIDADES EDUCATIVAS  ESPECIAIS

4.3 AS TIC NA FORMAÇÃO EM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS 
4.4 QUESTÕES RELATIVAS À APLICAÇÃO DAS TIC NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM 
NECESSIDADES ESPECIAIS

4.5 COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS

European Agency for Development in Special Needs Education
4
5. A INTERVENÇÃO PRECOCE

5.1 AS RESPOSTAS PARA AS CRIANÇAS NAS PRIMEIRAS IDADES E A TRANSIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

5.2 AS EQUIPAS DE INTERVENÇÃO PRECOCE 

5.3 O APOIO FINANCEIRO ÀS FAMÍLIAS
5.4 COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS

6. COMENTÁRIOS FINAIS

6.1 RESUMO
6.2 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

E MAIS! : 
Educação Especial na Europa 

Os segredos da Finlândia


Retirado deste link


Os motivos que levam a educação do país a ser uma das mais reconhecidas do mundo. E os problemas que a aproximam de outras nações




"Não!", interrompeu Alfons Tallgreen, 13 anos, ao ouvir que o finlandês, sua língua materna, tinha raízes semelhantes às da língua russa. "O estoniano, o húngaro e o finlandês são línguas correlatas. Aconteceu assim: primeiro, o finlandês começou a ser usado no sul da Finlândia e, aos poucos, foi ganhando o norte do país", conta o menino ruivo, aluno da 7ª série da Itäkeskus, em Helsinque, capital da Finlândia. Apesar de já conhecer a história de sua língua, Alfons quer, no futuro, estudar as propriedades de plantas e micro-organismos. Pausadamente, explica que sua vontade inicial era ser dentista - a mãe o demoveu da ideia. Porém, já estava interessado em biologia nessa época. "Estava pesquisando a floresta aqui do lado da escola. Mas infelizmente as árvores serão cortadas para a construção de casas de madeira no lugar", diz. 

A escola em que Alfons estuda tem o foco específico em línguas. Ali, os alunos têm a opção de estudar diversos idiomas. É o caso de seu colega, Muaad Hussein, cuja família tem ascendência libanesa. Com a mesma idade de seu colega, o menino já conhece cinco línguas: árabe, sueco, italiano, francês e finlandês, além de entender também um pouco de espanhol. "É claro que nem todos os alunos se interessam assim. Alguns não querem nem ouvir os professores. Não pensam no futuro", desabafa. Muaad tem razão. Ali, na Finlândia, os meninos e meninas são iguais a todos os outros no mundo: não gostam de escola, adoram o videogame, o computador, andam de skate em praças e passeiam em grupos pelos shoppings. O que leva, então, o país a ser sucessivamente o primeiro colocado nas avaliações do Pisa? Na última edição, que avaliou ciências, a média finlandesa foi de 563 - o Brasil alcançou 390 (52º de 56 países). 

Um documento do próprio Ministério da Educação, criado para apresentar o sistema educacional finlandês a estrangeiros, começa a responder à pergunta. Logo no começo, há uma advertência: o sucesso só pode ser explicado em função de uma conjugação de fatores, e não por uma única ação. A primeira razão, diz, é que a sociedade finlandesa valoriza a educação e, portanto, tem uma atitude muito favorável à área. Os números dão subsídio à frase que, aparentemente, não diz muito: aproximadamente 75% dos adultos entre 25 e 64 anos têm diploma de ensino superior. Na Finlândia, o ensino é obrigatório dos 7 aos 16 anos - em outras palavras, cursa o ensino médio quem quer. Mas apenas 1% dos estudantes da chamada escola "compreensiva" (equivalente ao nosso ensino fundamental) não continua os estudos.




Ser professor 


Muito dessa atitude favorável à educação provém de uma cultura desconhecida em terras brasileiras. Na Finlândia, o professor é visto com respeito - profissionalismo e responsabilidade envolvem a profissão. Há um componente histórico nessa valorização: há cem anos, quando o país ainda se configurava como nação, a pobreza reinava, principalmente no interior. Ali, quem tinha um diploma de professor era tratado como se fosse rei. Foi esse o relato de um membro do Conselho Nacional de Educação Finlandês, Reijo Laukkanen, em entrevista à Educação na edição 150. Hoje, é menos reverenciado, pois divide o conhecimento com profissionais de outras áreas. Mas nas ruas de Helsinque é possível perceber a atmosfera positiva que o envolve. Enquanto espera em frente à famosa loja de departamento Stockmann, Sari Nummila, 41, mãe de dois filhos, é categórica: "o que posso dizer? Nós precisamos deles. Ficaria feliz se um dos meus filhos se tornasse professor", diz. Lea Itoonen, 56, mãe de três filhos e voluntária da Cruz Vermelha Internacional, diz estar satisfeita com a educação que recebem na escola. Só tem uma reclamação: antigamente, os professores tinham personalidade mais forte. "Gostaria que eles não apenas fossem um agrupamento excelente, mas tivessem mais atitude, enfrentassem os pais e o governo por melhores salários", relata. Mas, de qualquer maneira, diz: "é uma profissão bonita para se ter aqui". Mesmo entre os mais jovens, a percepção não se altera. Annette Backman, 21 anos, tem inclusive uma amiga que quer ser professora. "Eles são competentes e ela gosta da profissão", relata.

O fato de o professor ter autonomia para trabalhar em sua sala de aula também colabora com a visão social tão positiva. Há um currículo nacional básico, que dita as linhas gerais do que deve ser ensinado, mas o docente pode escolher os métodos, os livros, o tipo de didática e inclusive optar ou não pelo uso da tecnologia. "O currículo não é sobre o que se ensina. É sobre o que os alunos devem aprender. Ele define as capacidades e habilidades que os estudantes devem ter quando terminarem seus estudos", explica Heljä Misukka, secretária de Estado da Educação. Na Finlândia, antes de aprenderem os conteúdos, os alunos têm experiências práticas que auxiliarão no seu entendimento futuro. Um exemplo: na escola Itäkeskus, estudantes de 10 anos têm aulas de culinária. Mas, ao assistir a uma aula, percebe-se o motivo da intervenção dos professores quando eles explicam a reação do fermento em água quente e em água fria. Além disso, os alunos aprendem a economizar energia e água. É através dos saberes cotidianos, como fazer uma receita, que os pequenos estudantes já apreendem conceitos para, mais tarde, aprenderem o conteúdo. Tudo é muito bem amarrado.





Formação 


Heljä lembra outro aspecto da profissão docente: os professores são altamente qualificados. Para começar, a concorrência nas universidades de pedagogia é enorme. Dados do Ministério da Educação dão conta de que, na última primavera, havia 6 mil candidatos para 800 vagas. Após ser aceito, o aluno deve completar o mestrado para poder lecionar em qualquer nível educacional (veja mais sobre formação de professores na próxima edição de Educação ). "Nós realmente podemos escolher os melhores", coloca.

Não é difícil encontrar pelas escolas docentes cujo sonho de ser professor foi realizado. É o caso de Lejeune Hannele, 42 anos, que leciona apenas para alunos com dificuldade de aprendizagem na escola Itäkeskus. "Queria ser professora desde os 8 anos. Estudei seis anos para conseguir. Sempre gostei de estar com crianças", conta. Lejeune passou seis anos no curso superior porque estudou letras durante quatro anos e teve um ano extra para ser docente e outro para ser professora de crianças com necessidades especiais. É importante notar que há um facilitador para a qualidade docente: os alunos já vêm com repertório e formação consolidada para a universidade, adquiridos durante o ensino fundamental e médio. Aliás, eis outro aspecto digno de nota: os ensinos fundamental é obrigatório e de graça para todos os alunos. Isso inclui materiais escolares, merenda, atendimento médico, atendimento dentário e transporte. No ensino médio, só fica a cargo do aluno o material escolar.






Alfons e Muaad, durante o intervalo das aulas: investimento na futura profissão desde os 13 anos
Liberdade e liberdade 

O modelo de gestão educacional na Finlândia também é diferenciado. O Ministério da Educação não tem as mesmas funções que o MEC brasileiro. Responsável pela elaboração de políticas públicas e de legislação, ele as propõe ao Parlamento, que pode aprová-las ou não. É um órgão de caráter menos executivo. O Conselho Nacional de Educação age mais efetivamente na implementação das leis. Um exemplo: o Ministério opta pela existência de um currículo mínimo nacional. O Conselho, então, fica responsável pelo desenho desse currículo. Abaixo dele, estão os chamados escritórios estaduais, cuja função na prática é a elaboração de estatísticas sobre determinadas regiões. Quem realmente executa são os municípios. O material didático usado por eles não é inspecionado pelo Ministério desde 1990, quando o processo de autonomia se consolidou. Os municípios e as escolas têm liberdade para escolher o material didático mais adequado às suas realidades. Geralmente, os municípios que estão localizados no interior do país e têm menos condição financeira recebem um repasse de verba do governo central - algo em torno de 42% do orçamento municipal. Helsinque não recebe nenhum tipo de ajuda do gênero. Todo orçamento provém dos impostos municipais. "As pessoas dizem que gostariam de pagar mais impostos, já que consideram a escola um serviço muito importante. Eles são altos, mas eles têm retorno do governo", aponta Heljä. 

O documento do Ministério da Educação ressalta a existência de um sistema educacional que oferece oportunidades iguais a todos, independente mente da região em que moram, do sexo, da situação econômica, da língua ou das origens culturais. A maioria dos imigrantes que residem na Finlândia é composta por russos, estonianos, chilenos e chineses. Eles vão para as escolas regulares, onde aprendem o finlandês e a sua língua materna. Por trás dessa iniciativa está a intenção de que as raízes culturais não se esvaiam. "Se você não sabe sua própria língua, é muito difícil aprender outras", coloca Heljä Misukka. A secretária de Estado enxerga alguns grandes desafios pela frente. Um deles é a discussão do número de alunos por sala. Quando assumiu o cargo, fez um mapeamento desse número em todos os municípios - o que não foi bem recebido nas cidades. Como as escolas são autônomas, há salas de 8 alunos e de 36, o máximo registrado. "Demos 16 milhões a eles neste ano e daremos mais 30 milhões no próximo ano para que deixem suas salas menores", diz. 

Outra questão, a formação continuada dos professores, toca num ponto importante: tecnologia. Mais uma vez, a rede autônoma cria sistemas paralelos. Algumas escolas, como a Itäkeskus, usam lousa digital. Mas os municípios que sofrem com problemas financeiros não podem arcar com esse custo. Heljä diz que ter medo da tecnologia não é uma atitude correta. Lembrando que a Nokia é finlandesa, afirma que grande parte dos alunos do 1º ano já tem celular. "Se vão à escola e lá não há nenhum tipo de tecnologia, a escola vira um museu. Se o professor quer ensinar como um aluno deve se comportar no universo on-line e a escola não puder lidar com isso, temos um problema", levanta. Há um projeto-piloto no país que usa a tecnologia com crianças que têm necessidades especiais. Elas aprendem a ler e a escrever primeiro no computador, e depois vão para o papel. "É mais fácil para eles e não há nada errado com isso. Há diferentes tipos de aprendizes e diferentes soluções pedagógicas para eles", afirma.




*A jornalista Beatriz Rey viajou a Helsinque a convite da Embaixada da Finlândia no Brasil e do Ministério das Relações Exteriores da Finlândia




Coreia do Sul e Finlândia são exemplos de como se investir na educação

Mesmo com sistemas distintos, ensino de ambos os países pode servir de modelo para a educação brasileira



Coreia do Sul e Finlândia são exemplos de como se investir na educação Amanda Soila/Ministério de Relações Exteriores da Finlândia
Na Finlândia, vagas para professor são disputadíssimas
Foto: Amanda Soila / Ministério de Relações Exteriores da Finlândia



Dois países com dimensões, culturas e sistemas escolares bastante diferentes vêm conseguindo resultados parecidos, nas últimas décadas, na missão de educar crianças e adolescentes com excelência. A Coreia do Sul e a Finlândia costumam ocupar posições de destaque nos rankings do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame que mede o quanto alunos de mais de seis dezenas de países – incluindo o Brasil – aprendem em leitura, matemática e ciências.
O destaque na comparação internacional, na qual os brasileiros não conseguem ficar entre os 50 melhores, é conquistado apesar de contrastes entre os modelos. Ambos, porém, oferecem lições capazes de catapultar o desempenho do Brasil.
Enquanto os coreanos aplicam um sistema baseado na tradicional disciplina, com muitas horas diárias de estudo e investimentos pesados do governo, os finlandeses são bem menos formais e aplicam comparativamente menos dinheiro no sistema educacional. O pilar que sustenta os dois modelos, porém, é o mesmo: seleção e formação de professores de ponta, com reconhecimento profissional e boas condições de trabalho.
Na Coreia, a prioridade é a educação básica. Todas as escolas têm dois turnos, e os melhores professores estão lá, não no Ensino Superior – comenta o doutor em Educação e diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Estado, José Paulo da Rosa, que visitou o país oriental em 2009. Na Finlândia, a disputa pelo posto de professor da rede pública é tão grande que apenas 10% dos candidatos conseguem vaga nos cursos de formação.
Veja outros segredos que fazem destes países modelos de excelência educacional e que lições podem ser adaptadas para o Brasil.
Pais envolvidos na gestão da escola
O modelo de sucesso implantado pela Coreia do Sul combina um dos mais elevados investimentos governamentais do mundo – com 7,6% do PIB destinado à educação – com a determinação das famílias do país de garantir um aprendizado de alto nível para crianças e adolescentes. Para isso, os pais costumam se envolver na gestão dos colégios. Os educadores, que são bem pagos e trabalham em escolas com excelente infraestrutura, são auxiliados e monitorados pelos pais dos alunos, em um dos maiores diferenciais do modelo coreano. Lá, as famílias ajudam a organizar as escolas.
– Encontrei pais dentro da sala de aula, acompanhando o professor – surpreende-se José Paulo da Rosa.
Os pais podem fazer parte do chamado Conselho da Escola com um grau de autonomia que permite interferir na seleção e na promoção de professores, organizar eventos de reciclagem profissional e outras atividades cruciais para o funcionamento de uma instituição de ensino.
– Faz parte de um programa do governo que dá aos pais acesso direto ao processo educativo dos filhos – observa o professor Soleiman Dias, brasileiro que atua no país oriental.
Além disso, o foco, público e privado, é na Educação Básica. Assim, boa parte dos investimentos e dos melhores educadores estão no equivalente aos ensinos Fundamental e Médio, enquanto no Brasil a excelência se concentra no Superior.
As lições da Coreia do Sul
Tempo integral e atividades extraclasse
Uma explicação para o fato de os estudantes coreanos despontarem nos exames internacionais enquanto os brasileiros patinam nas últimas colocações é simples: os orientais simplesmente estudam mais. Em média, enquanto um aluno brasileiro passa cerca de quatro horas e meia na escola, no outro lado do mundo esse tempo chega a mais do que o dobro.
As crianças coreanas estudam perto de 10 horas, e algumas ainda complementam com atividades extraclasse. No nível equivalente ao Fundamental, mais de 80% das crianças contam com algum tipo de estudo complementar.
Família integrada até na sala de aula
Quase todas as escolas têm associações de pais atuantes, que se encontram regularmente e escolhem representantes para cada sala ou série. Esses "delegados" servem de ponte entre os demais pais e a administração da escola. Outros atuam como voluntários em serviços de apoio, como monitores de trânsito em frente à instituição, seguranças nos quarteirões ao redor do colégio, nas cafeterias, bibliotecas ou em passeios. Como estão constantemente nas escolas, acompanham de perto o que acontece na sala de aula, conhecem o currículo e os recursos - assim, podem cobrar dos filhos e das autoridades.
Professor valorizado na Educação Básica
Um dos fatores mais comuns para o sucesso de um sistema educacional, na Coreia do Sul os professores também são muito valorizados socialmente. Além de serem bem pagos - no topo da carreira, com a formação mínima exigida, recebem mais de US$ 80 mil, atrás apenas de Luxemburgo e da Suíça entre os países da OCDE - contam com grande reconhecimento da sociedade. É muito comum, inclusive, que alguns dos principais educadores do país trabalhem na Educação Básica, e não no Ensino Superior. Em países como o Brasil, os professores com melhor formação costumam estar nas universidades
Investimento em tecnologia de informação
Em 2005, o governo coreano começou a investir fortemente em tecnologia de informação e comunicação nas escolas, distribuindo equipamentos como laptops. Também lançou um programa pelo qual os alunos podem acessar o conteúdo pela internet, a partir de qualquer computador. Agora, há um projeto para digitalizar todo o conteúdo do currículo até 2015 - quando escolas de ensino Fundamental e Médio contarão com livros didáticos em versão informatizada.
Combate imediato às dificuldades
Em cada escola finlandesa, os professores estão permanentemente atentos ao aproveitamento dos alunos. Ao primeiro sinal de dificuldade em aprender qualquer conteúdo, soa um alerta que mobiliza toda a escola. O professor pede ajuda a um professor especial, dedicado a derrubar barreiras à aprendizagem. Além disso, todos os casos são discutidos por um “comitê de socorro” que pode incluir o diretor, psicólogo, outros professores e até pais.
Esse tipo de estratégia desperta tanta confiança no sucesso das escolas que o governo finlandês não impõe qualquer tipo de avaliação externa – para surpresa dos milhares de estrangeiros que costumam visitar a Finlândia em busca de receitas para seus próprios sistemas educacionais. Isso só é possível graças a outro fator: a extrema qualificação dos educadores.
Esse nível de autonomia, que permite ainda a cada professor ajustar o currículo básico nacional à sua realidade local, conta com uma força de trabalho habilitada com diploma de mestrado e selecionada entre a elite dos estudantes do país. E os finlandeses conseguem selecionar os melhores alunos mesmo sem pagar salários acima da média entre os países europeus – o que atrai os jovens é o respeito social, a autonomia e as boas condições de trabalho encontradas nos colégios.
As lições da Finlândia
Melhores alunos viram professores
Se apenas 2% dos jovens estudantes brasileiros dizem sonhar com a profissão de professores, conforme o estudo Atratividade da Carreira Docente no Brasil, na Finlândia a carreira do magistério atrai a elite dos estudantes. Como resultado da grande procura, apenas um em cada 10 candidatos consegue vaga nos cursos universitários que preparam os educadores para atuar nas escolas. A formação é outro diferencial do ensino finlandês – todos os professores precisam contar com o título de mestres em educação para conseguir trabalho.
Atendimento ao primeiro sinal de dificuldade
Cada escola conta com uma “tropa de elite” para garantir que nenhum estudante fique para trás em rendimento. Ao primeiro sinal de dificuldade, o professor pede a interferência de outro educador. Esse colega, pelo sistema chamado de “educação especial”, se dedica a atender as dificuldades específicas do aluno. Ao longo da vida escolar, não é raro qualquer estudante finlandês ser encaminhado para o professor especial – e isso não é encarado como fracasso. Diretor e professores se reúnem para discutir a situação de cada aluno.
Escolas com autonomia e boas condições
Na Finlândia, a profissão de professor tem status semelhante à medicina. Isso não quer dizer que o rendimento de um educador se equipare ao de um médico – enquanto o primeiro recebe, em média, US$ 2,7 mil mensais, o segundo ganha acima de US$ 6 mil. O que faz o magistério competir em igualdade com outras carreiras de ponta é o reconhecimento social, a autonomia e as boas condições de infraestrutura. O governo nacional estabelece definições gerais do currículo, mas cada professor pode adaptá-lo às características locais. Isso cria um ambiente de profissionais altamente motivados.
Foco dos recursos na sala de aula



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Comentários sobre as diferenças e semelhanças educacionais entre Brasil e Finlândia. As ações de gestão que proporcionaram o 1º. lugar da Finlândia na avaliação internacional da qualidade da educação. As principais razões do sucesso do sistema educacional da Suécia.


Ana Cristina Canettieri (*)


No período de 27 de abril a 14 de maio, um grupo de educadores participou da viagem educacional à Escandinávia, interessados em conhecer detalhes do modelo educacional da Finlândia e da Suécia e identificar as principais razões do sucesso na avaliação do PISA. Destaca-se, o orgulho de todos por ter feito parte da primeira missão brasileira a ser oficialmente recebida pelos governos dos dois países.


Na Suécia houve um encontro especialíssimo, no Palácio Real de Estocolmo, com a Rainha Silvia, filha de brasileira e pai alemão, viveu em São Paulo dos 4 aos 13 anos, fala o português sem sotaque, é adorada pelos suecos, tem 3 filhos, e sua filha primogênita, a Princesa Vitória, é a primeira na linha de sucessão ao trono sueco.

A Escandinávia possui hoje o mais elevado padrão de vida, mesmo entre as nações desenvolvidas. Nos últimos 30 anos, a Finlândia vem se destacando positivamente no cenário europeu e a educação tem papel fundamental na obtenção desse status quo . Hoje, esses países, e especialmente a Finlândia, que obteve a primeira colocação no exame do PISA, constituem modelos de excelência na educação e despertam grande interesse de governos, educadores, economistas e empresários do mundo todo.


A comitiva, formada por mais de 70 educadores de várias regiões do Brasil, participou de seminários sobre o sistema educacional sueco e finlandês e realizou visitas a dezenas de escolas, com objetivo de conhecer e comparar o papel do Estado e da escola privada, a capacitação e o papel fundamental do professor, o grau de autonomia dado às crianças e aos jovens, a inclusão natural de todos os estudantes, inclusive dos imigrantes, o sistema de avaliação das escolas.


Para ampliar ao máximo a visão sobre o sistema sueco e finlandês, foram incluídas visitas a instituições de ensino de diferentes níveis, do pré-escolar à universidade, pública e privada, de periferia e de bairros tradicionais.




Sobre o PISA


O PISA, sigla de Programme for International Student Assessment , é uma avaliação internacional da qualidade da educação, patrocinada pelos países participantes da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com coordenação nacional a cargo do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão vinculado ao Ministério da Educação.
A avaliação feita no PISA ocorre a cada ciclo de 3 anos, com um plano estratégico que se estenderá até 2015. As áreas principais, a que se dedicam 2/3 do tempo das provas são: Leitura, em 2.000, Matemática, em 2003 e Ciências, em 2006.


No ano de 2006, 56 países membros da OCDE e países convidados, que é o caso do Brasil, participaram da avaliação do PISA. Em cada país são avaliados entre 4.500 a 10.000 alunos, de 15 e 16 anos, das 7ª. e 8ª. séries do ensino fundamental e do 1º. e 2º. anos do ensino médio, de escolas públicas e privadas.


O PISA tem uma particularidade, se comparado ao nosso SAEB, (*) Sistema de Avaliação da Educação Básica: a prova abrange, não somente os domínios curriculares, que é o caso do SAEB, mas, especialmente, os conhecimentos relevantes e as habilidades necessárias à vida adulta, com ênfase no domínio dos procedimentos, compreensão dos conceitos e capacidade para responder a diferentes situações do dia-a-dia.


(*) Em 2005, a Portaria Ministerial n.º 931 alterou o nome do histórico exame amostral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizado desde 1990, para Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). Por sua tradição, entretanto, o nome do Saeb foi mantido nas publicações e demais materiais de divulgação e aplicação deste exame.




Sobre a Finlândia


De um lado, ao extremo norte, a Finlândia faz fronteira com a Suécia, e de outro, em quase toda a sua extensão, com a Rússia. Helsinque, sua capital, é banhada pelas águas pouco salgadas do mar Báltico, e por esta razão se congela no inverno com uma camada de mais de 2 palmos de gelo. Neste período, os finlandeses praticam esqui sob o mar congelado, e alguns, os mais corajosos, fazem furos no gelo para pescar salmão.
Devido à inclinação do eixo da terra, uma vez ao ano, entre os dias 17 e 24 de junho, a Finlândia fica exposta ao sol 24 horas por dia – é o sol da meia-noite. Este período é tão importante que há festival de danças típicas ao ar livre para celebrá-lo.


Ao longo dos tempos, Suécia e Rússia dominaram a Finlândia – são 800 anos de história com a Suécia e 100, com a Rússia. Após a revolução russa, em 1917, a Finlândia ficou independente, portanto, apenas há 90 anos!
A população da Finlândia é de 5.200 milhões de habitantes e de Helsinque, 560 mil. Para efeito de comparação entre as cidades de referência, Estocolmo tem 900 mil, Oslo 529, Berlim 3.300 milhões e St. Petersburgo, 4.660 milhões, que juntas não alcançam a população de São Paulo!
E obrigado em finlandês é  kiitos !




A Educação na Finlândia


A nossa comitiva foi privilegiada ao ter tido não apenas um, mas dois encontros com Mrs. Eeva Pentilla, uma das mais respeitadas vozes em Educação da União Européia e responsável pelas escolas de Helsinque. Mrs. Pentilla, nos fez dois longos e apaixonantes relatos sobre a educação de seu país e nos confidenciou que pouco antes de sair o resultado do exame do PISA havia marcado uma reunião para discutir alguns pontos que considerava que não estavam nada bons nas escolas de Helsinque!! - Foi uma surpresa o 1º. lugar, não somos muito bons em matemática, gastamos mais tempo ensinando línguas, disse.


O sistema educacional da Finlândia é pequeno se comparado a muitos estados brasileiros. São 161 escolas básicas, as comprehensive schools – de 7 a 16 anos e 38 escolas secundárias, que totalizam pouco mais de 70 mil estudantes. Soma-se a este sistema os 26 mil alunos matriculados nas 37 escolas vocacionais ou técnicas, 130 mil nas 31 politécnicas e 176 mil nas 20 universidades.


No período em que a Finlândia fez parte da Suécia, a educação era feita pela igreja, que exigia que toda pessoa que quisesse se casar na igreja deveria saber ler. Saber ler é fazer parte da sociedade, é muito importante um indivíduo ser aceito pela sociedade, ser aceito pelo vizinho, afirmam os finlandeses. Assim, esta idéia persiste até hoje, a única mudança é que a sociedade não quer ; saber ler, quer também a conclusão de todo o ciclo escolar básico.Em 1970 houve uma grande revolução na educação finlandesa. Isso foi necessário pois no antigo sistema 20% no máximo completava o ciclo básico. Em 20 anos a Finlândia reverteu significativamente essa porcentagem. Já em 2004, as estatísticas mostraram que 9 alunos estavam fora da escola, e atualmente, 12 alunos. Notem, não estou me referindo à porcentagem! E esses 12 alunos têm ocupado o tempo de vários educadores buscando diferentes formas do sistema educacional reabsorvê-los.


No antigo sistema só a educação primária de 6 anos era gratuita, o restante da educação era paga. Em 1970, a educação básica passou a ser obrigatória e gratuita e com 9 anos de escolaridade e funcionamento das 8 às 15 horas. Também são gratuitos, durante os primeiros 9 anos, o transporte, a refeição e todo o material escolar. Após este período, os alunos têm que pagar os livros.


Na Finlândia, não se ensina a ler no ensino pré-escolar - a criança tem o direito de ser criança por mais tempo, ensinam, e está pronta para aprender a ler a partir dos 7 anos, afirmam.
Respondendo sobre a principal diferença entre o sistema educacional sueco e finlandês, Mrs. Pentilla deu o seguinte exemplo: se pais suecos saem para esquiar com o filho e o filho cai, eles correm para acudir; pais finlandeses, na mesma situação, simplesmente olham e dizem: - se levanta você é capaz, você consegue. Assim, a palavra de ordem no sistema educacional finlandês é: AUTONOMIA.


Existem escolas privadas na Finlândia, as independentes, como são chamadas. Todas são gratuitas, totalmente financiadas pelo Estado e abertas ao controle do Estado. A expansão do ensino privado é bastante incentivada pelo governo - só o setor privado reúne condições para atender às necessidades de uma sociedade que demanda por serviços educacionais cada vez mais diversificados.


Os reitores das escolas independentes, assim como os das públicas, são executivos recrutados no mercado, que têm que provar, ano a ano, que aplicaram bem os recursos recebidos para continuar no cargo.


Na Finlândia as escolas são consideradas um ótimo local para se trabalhar. Muitos querem atuar nas escolas, especialmente na docência. O prestígio dos professores é alto. Esses profissionais são valorizadíssimos e é comum auferirem salários superiores aos dos reitores, e ganham ainda mais aqueles que ensinam nos dois primeiros anos iniciais, considerados os mais importantes na motivação da aprendizagem. Se não forem adequados, podem interferir negativamente em todos os anos seguintes, afirmam. Os professores que atuam no nível fundamental contam com um suporte de psicólogos para atendê-los.


Se alguns alunos têm continuamente problemas de aprendizagem, a escola dispõe de professores especiais para recuperá-los. Na prática, se a dificuldade é em matemática, o aluno vai estudar com um professor especializado em problemas de aprendizagem, não com um professor de matemática. E a “recuperação” não ocorre após as aulas: mais tempo não motiva a criança ao aprendizado, pelo contrário, só faz cansá-la ainda mais. Também não são dados muitos exercícios aos alunos com dificuldades de aprendizagem - a quantidade de tarefa escolar é de acordo com as necessidades de cada um. E, ademais, as aulas e os exercícios escolares são organizados de tal forma que o aluno tenha tempo para o lazer.


Os alunos com dificuldades de aprendizagem não muito severas, estão integrados na mesma turma, e neste caso, a classe conta com um professor assistente. Pode ocorrer de ter 2 ou 3 professores em sala de aula. Para aqueles com dificuldades mais sérias, há escolas especializadas que funcionam dentro das escolas normais.
A formação do professor é feita na universidade que dura de 5 a 6 anos, a do professor-assistente, nas escolas politécnicas. Assim como a dos médicos é na universidade e a dos enfermeiros, na politécnica.
Em Helsinque para cada 800 alunos há um psicólogo e um assistente social, com locais de trabalho próprios dentro das escolas. Todos os alunos quando ingressam na escola têm uma entrevista com o psicólogo e com o assistente social. Graças a essa rotina de entrada, mais tarde, se eventualmente vierem a precisar de ajuda, não se sentirão estigmatizados pois já os conhecem.


As mulheres finlandesas são consideradas “beges”, ou seja, são as que menos gastam com cosméticos em toda a União Européia, por outro lado, são bem motivadas para os estudos. Segundo resultado de uma pesquisa, elas atribuem muito valor ao homem que esteja no mesmo nível intelectual. Do universo feminino 70% tem curso superior, contra 40% do masculino, e a tendência é aumentar, na medida em que as mulheres vêm obtendo melhores resultados nos históricos escolares.


Muitos homens, por não terem cursado a universidade nem a escola politécnica, estão fora do mercado de trabalho. Isso pode ser uma das causas pela qual a Finlândia enfrenta um problema bastante sério – o alto índice de suicídio, especialmente dos homens entre 20 e 30 anos. Diante disso, os responsáveis pela educação vêm desenvolvendo intensamente ações para ampliar a participação masculina no ensino superior.
Um dos aspectos que contribuíram para os excelentes resultados no PISA é o nível de formação das mães, que é alto na Finlândia. Cabe mais à mãe e não aos pais, a responsabilidade em motivar os filhos à aprendizagem. Soma-se aos bons resultados os alunos serem motivados, permanentemente, a ler muito.
É um mau exemplo na Finlândia os pais levarem as crianças de carro à escola. Elas são levadas a se virarem por si mesmas.


Uma tradição finlandesa muito popular é o hábito de se fazer sauna. Como a escola deve ser uma extensão da casa e toda casa tem sauna, então na escola também deve haver uma. E regularmente alunos e professores fazem sauna, e não são encontros puramente festivos ou de lazer, são oportunidades para contextualização de conhecimentos.


Não há câmeras espalhadas pelas escolas, em hipótese alguma. As escolas são ambientes familiares - se não há câmeras nas casas não haveria razão de tê-las nas escolas. Em algumas escolas, alunos, professores, e funcionários, tiram os sapatos ou tênis com intuito de fazerem menos barulho e também para se sentirem mais confortáveis como se estivessem em casa.


Registra-se que durante as visitas às escolas não houve citação de nomes de teóricos que dão sustentação ao ensino na Finlândia. Enfaticamente é reforçada a autonomia dos professores, a confiança depositada neles no fazer bem o trabalho de ensinar. Há métodos de alfabetização específicos para ensinar famílias de imigrantes, outros, para ensinar crianças com maior nível de informação e domínio da língua, enfim, a educação é individual não é algo que se faça em massa.




Sobre a Suécia


A capital do Reino da Suécia é Estocolmo, que está construída sob 14 ilhas e há muitas e muitas pontes. É considerada a Veneza do Norte.


A religião dominante é luterana (94%) católica (4%) e outras (2%). As três coroas é o símbolo da Suécia.
Dizem os suecos que é mais barato manter a monarquia do que mudar o presidente de 4 em 4 anos, e as primeiras-damas a fazerem as mudanças nas cortinas, nos sofás...



A Educação na Suécia


A Suécia conquistou a 10ª. posição na avaliação do PISA, e de uma forma geral, há muita similaridade nos dois sistemas de ensino, assim, muitas situações encontradas nas escolas da Finlândia se repetem nas da Suécia e vice-versa.


Tal como na Finlândia, o sistema escolar sueco está baseado na autonomia . Desde 1991, foi delegada muita responsabilidade para as escolas, para os gestores e para a municipalidade. O governo e o parlamento ditam a forma e os objetivos a seguir e as escolas devem fazer avaliação periódica para constatar se as exigências legais estão sendo seguidas.


Nos últimos 20 anos houve muita modificação na pré-escola. Segundo a legislação sueca, se os pais querem trabalhar a comuna tem que garantir a integração da criança na escola. Assim, a pré-escola tem 2 funções: permitir que os pais trabalhem e garantir a possibilidade de inserção da mulher no mercado de trabalho. Para isso, as escolas infantis funcionam das 6:30 às 18:30 horas. Estão integradas no ensino infantil 98% das crianças com 3 e 4 anos.
 



Formação Técnica


A partir de 1980 houve uma mudança de paradigma na formação profissional dos técnicos – aformação profissional , dá lugar à preparação profissional. Antes, os alunos só aprendiam a trabalhar com as mãos. Para ser um cidadão, não se pode ter conhecimentos só da prática. Há que se dominar a língua e se ter conhecimentos matemáticos. Hoje, 1/3 dos estudos é teórico. Os empregadores consideram que os estudantes de hoje não são tão rápidos no ofício. Por meio de encontros e reuniões, as escolas buscaram a mudança de mentalidade dos empresários para melhor aceitação e conseqüentemente manutenção do emprego desse novo técnico. O professor tem como uma de suas atribuições visitar freqüentemente as empresas em busca do ajuste da formação. E a formação pedagógica desses professores deve ser garantida pela escola.


Todas as escolas fundamentais, secundárias ou pós-secundárias funcionam em período integral – das 8 às 15 horas.


A licença maternidade é longa na Suécia – 14/16 meses. É um direito da criança e não dos pais. É a criança que tem o direito de estar junto dos pais por mais tempo.


No período de 1991 a 2006 cresceu muito o número de escolas privadas na Suécia, e,
assim como na Finlândia, são totalmente gratuitas. A razão principal dessa expansão, se deve ao incentivo dado pelo governo, por entender que as escolas independentes podem atender melhor as diferentes peculiaridades e anseios da comunidade, e ainda, permitir a livre escolha do aluno, que por meio de um “ vaucher” decide onde quer estudar.


Há uma escola, por exemplo, só para alunos que têm pais trabalhando no exterior e pais do exterior trabalhando na Suécia. Numa outra escola, a peculiaridade é a prova de música ser eliminatória para o acesso. Os alunos fazem “cursinho” de canto, se quiserem estudar nesse tradicional ginásio. Já numa outra, que tem por missão ser uma escola politécnica européia: não se aceita professores americanos, latinos ou asiáticos, por exemplo, nem alunos de outra nacionalidade que não a dos países europeus, e os temas estudados são de interesse tão somente da Europa.


Nas escolas, mesmo nas mais elitizadas, é comum ter oficinas e cozinhas para que os alunos, a partir de 13 anos, aprendam a consertar bicicletas, aparelhos domésticos, entendam os fundamentos da hidráulica, da elétrica, da mecânica, preparem o almoço e lanche, etc. É o conceito da autonomia presente. E atenção: meninos e meninas participam!


Como cada aluno traz o seu vaucher , mais aluno significa mais dinheiro para a escola, aí se estabelece a concorrência entre as escolas. A escola que não atrai um número mínimo de alunos é fechada, assim, para se tornar mais competitiva a qualidade e os feitos das escolas são bastante divulgados.
As razões do sucesso das melhores escolas são atribuídas à escolha meticulosa dos professores. Eis as características de um bom professor:
  • possuir amplo conhecimento da matéria;
  • dar ao aluno a responsabilidade de seus estudos;
  • ser colaborador com seus colegas professores;
  • ter uma perspectiva alargada para ensinar.

Embora a direção das escolas tenha autonomia para determinar a quantidade de alunos em cada sala de aula, a média é em torno de: 17 nas escolas infantis; 20 nas escolas fundamentais e 30 nas secundárias.
O percentual de alunos que termina o liceu, o equivalente ao ensino médio, e vai para o ensino superior é de 44%. Todavia, nem sempre basta ter o diploma e boas notas pra ingressar na universidade, às vezes, é preciso vir de uma escola renomada. É assim, por exemplo, na conceituada universidade de pesquisa de Estocolmo, a Royal Institute of Technology – RTH, pronuncia-se kô-te-rro, que exige, digamos assim, pedigree no diploma do ensino médio. A RTH atua com foco em Arquitetura e Engenharia, tendo por missão “excelência em educação, pesquisa e empreendedorismo”. Suas áreas mais procuradas são: Arquitetura e Energia, e mais ultimamente, a tendência é para a área de Ecologia Industrial. Constitui área de interesse em todas as disciplinas da RTH o tema Desenvolvimento Sustentável.


Os reitores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer que todas as escolas têm que ser competentes na sua finalidade última. As palavras mais importantes que os reitores devem conduzir seus alunos a serem são: competentes , ativos e curiosos , e tudo isso tem que ser buscado de forma agradável.




Educação Multicultural


Na Suécia, 87% dos estudantes têm outra língua materna. Há princípios que regem o bem estar da criança na escola, e, um deles, é ter a própria língua falada na escola. Se a língua for “viva” em casa ela deverá ser dada na escola. Por conta disso, o ensino da língua ocupa um espaço muito especial na Suécia. Para se ter uma idéia dessa especialidade, há um departamento pertencente à Secretaria de Educação de Estocolmo que tem 430 professores para atender as escolas em 52 diferentes línguas. E para se ensinar a língua é preciso que o professor seja do país de origem. Assim, há muitos professores estrangeiros na Suécia. Como exemplo, numa das escolas visitadas havia mais de 20 idiomas representados! Investe-se muito dinheiro na formação dos professores de línguas.



Avaliação das Escolas na Suécia


O primeiro nível de avaliação é feito pela própria escola e um dos pontos essenciais que deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos propostos pela escola.
Assim acontece a inspeção das escolas:
  • os inspetores se apresentam à escola e informam que entre 2 a 8 meses retornarão para visitá-la
  • avaliam in loco a qualidade da escola: olham o site , a relação da escola com os pais, com a família, assistem aulas, entrevistam professores e alunos
  • são discutidos com a escola os principais pontos e apresentam um relatório de 15 páginas, com considerações sobre os pontos fortes e fracos e os pontos que necessitam de mudança
  • após 6 ou 8 meses da visita, se reúnem com os professores, alunos e diretores para checar o que foi feito, tendo por base o relatório feito durante a visita.

As visitas de inspeção das escolas são feitas ao longo de 3 anos. Os inspetores são bem vindos, especialmente pelas escolas particulares, pois têm neles um consultor de graça. Às escolas é solicitado que coloquem nos seus sites os relatórios de avaliação, no entanto, só 20% o fazem, geralmente as melhores avaliadas. Anualmente as escolas têm que entregar à administração central o “Quality Report”, e não existe avaliação de professores separadamente, a avaliação é da escola. 


Ênfases


Existem três assuntos que tanto escolas suecas como finlandesas dão muita ênfase – religião, línguas e arte.
Religião - o ensino religioso é obrigatório. A todos os alunos se ensina a religião, de cada um deles. A partir de 3 alunos de uma determinada religião, a escola deverá se organizar para oferecer a religião deles, e não precisam ter a mesma idade para compor a turma.


Línguas – aos 9 anos de idade toda criança deve começar o aprendizado de uma segunda língua. Se aos 9 anos um aluno escolher outra língua que não o inglês, aos 10, obrigatoriamente deve escolher o inglês. Assim, todos, sem exceção, devem alcançar conhecimentos iguais em duas línguas, sendo o inglês uma delas. Além disso, aos 11 anos, cerca de 70% escolhem uma terceira língua. Entre os alunos do liceu, mais da metade aprendem 4 línguas! Há uma preocupação do sistema educacional no ensino da língua materna aos imigrantes. Pesquisas comprovam que uma pessoa perde 40% de sua inteligência se ela não fala a sua língua materna. Ademais, a língua materna é a língua dos sentimentos. Quando um imigrante chega à Finlândia, passa um ano estudando na sua língua materna para se habituar à cultura, aos costumes e muito intensivamente à língua finlandesa. Depois disso, estará apto para ir à escola que escolher. A Finlândia faz isso também por questões econômicas, é preciso que haja pessoas com boa formação em qualquer ocupação, seja ela qual for.


Artes – a arte está por toda parte em todas as escolas, com funções altamente educativas e culturais. Há exposições de fotos, desenhos, pinturas, esculturas, instalações, concertos musicais, mostras de textos literários, poesias, etc. Nas paredes das salas de aula, nas portas, nos corredores, nos pátios, estampam-se muitas informações sobre o mundo das artes. Essa profusão de cores, formas, designs , ativam diferentes funções do cérebro.

Por fim, a Finlândia afirma que é a escola que tem a responsabilidade pela aprendizagem do aluno e não a família; esta se responsabiliza pela criação. Diferentemente do nosso país que constitucionalmente diz que a educação é dever, também, da família. O que temos assistido nas últimas três décadas, são centenas de milhares de famílias e de escolas colhendo juntas os frutos amargos da incompetência da arte de ensinar.


Em 2003, a avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, por meio do SAEB, reafirma o péssimo desempenho das escolas: 95,2% das crianças concluem a 4ª. série sem saber ler nem escrever adequadamente e 96,8% dos adolescentes concluem a 8ª. série sem raciocínio básico de matemático! O desempenho do Brasil no PISA não poderia ser diferente diante desse cruel cenário nacional – está posicionado na rabeira do mundo!




Para que as escolas brasileiras possam melhorar seus indicadores de qualidade não há mágica, é preciso muito esforço de todos, no entanto destaco como prioritário: 100% de atenção ao novo curso de Pedagogia, que desde 2006 é responsável pela formação dos professores que vão atuar nas cinco séries iniciais do Ensino Fundamental, e foco dos gestores das escolas na eficácia da alfabetização.




(*) Ana Cristina Canettieri, administradora, com pós-graduações em universidades nacionais e internacionais. No período de 1980 a 1992 foi assessora técnica no Ministério da Educação, em Brasília. É sócia diretora da Cadec, desde 1993, e diretora do Centro Educacional Paulo Nathanael, escola de formação técnica profissional de gestores escolares.