A Função Social da Escola
Apesar das transformações
sofridas no decorrer da história,
a escola representa a
Instituição que a
humanidade elegeu
para socializar
o saber sistematizado.
Isso denota afirmar que
é o lugar onde, por princípio,
é difundido o conhecimento
que a sociedade estima
necessário transmitir
às novas gerações. Nenhuma outra
forma de aparelhamento foi capaz
de substituí-la.
“Da maneira como existe entre nós, a educação surge na
Grécia e vai para Roma, ao longo de muitos séculos da
história de espartanos, atenienses e romanos. Deles deriva
todo o nosso sistema de ensino e, sobre a educação que
havia em Atenas, até mesmo as sociedades capitalistas
mais tecnologicamente avançadas têm feito poucas
inovações” (Brandão, 2005).
Dentro de cada organização existem classes sociais em
posições elevadas, as quais criam e impõem um tipo de
educação que visa a atender interesses particulares e
reforçar, cada vez mais, o poder dos privilegiados. E as
escolas transformaram-se nas instituições que mais têm
colaborado para a efetivação desses objetivos, visto que
sempre estiveram sobre o controle do estado.
Apesar das modificações conferidas na estrutura do
ensino brasileiro no decorrer dos anos, nenhuma delas
instituiu um sistema educacional onde todos tivessem
os mesmos direitos, onde a intenção principal seria a
concepção do homem com plena autoridade dos próprios
meios de libertação; um homem erudito, livre, inteligente e
crítico, que não se deixa manipular e que pode influenciar
o estilo de vida e o futuro do país.
Sabe-se que só existem três maneiras de se transformar
uma sociedade: guerra, revolução e educação. Dentre as
três, a Educação é a mais viável, a mais passiva, porém a
que os efeitos só se tornam visíveis em longo prazo.
“Se teus projetos têm prazo de um ano, semeia trigo; se
teus projetos têm prazo de dez anos, planta árvores frutíferas;
se teus projetos têm prazo de cem anos, então educa o povo.”
(Provérbio chinês).
O sistema educacional brasileiro fundamenta-se numa
filosofia de racionalização e democratização do ensino,
mas na realidade atesta a existência de mecanismos rígidos
de seleção e burocratização, que o configura como elitista.
A educação deveria servir como mecanismo de libertação
do homem. Esse, por meio da educação formal, deveria
colaborar para o desenvolvimento do país e, acima de tudo,
usufruir dos resultados. Porém, tem-se uma educação que
serve como veículo de transmissão das ideias da classe
dominante, cujo papel é muito importante na perpetuação
das condições sociais já existentes.
Existe uma tendência em considerar-se instrução somente
aquela que ocorre em escolas, ou seja, o ensino formal.
Mas como diz Brandão: “Não há uma forma única nem um
único modelo de educação; a escola não é o único lugar
onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino
escolar não é a sua única prática e o professor profissional
não é o seu único praticante.” Assim, considera-se ensino
e educação todo procedimento que tem por intento intervir
na conduta humana.
Atualmente, quiçá pela falta de tempo da maioria dos pais,
é imposta à escola toda a responsabilidade em relação à
educação dos alunos. Mas não pode ser desse modo. Por
mais que a escola se encoraje e tenha consciência da sua
função, ela jamais poderá suprir a família. O papel dos pais
na educação é de extraordinária importância para a formação
integral do educando, pois os filhos espelham-se nos atos
dos genitores para construir modelos de personalidade e
caráter para a própria vida.
A escola não pode continuar a ser uma clínica de abortos.
Os que fracassam na escola tendem a ser excluídos da
sociedade. Detrás do insucesso escolar encobrem-se aflições,
frustrações, amarguras, enfim, sofrimentos. A impulsiva
fabricação do malogro escolar não se restringe a um problema
educacional. Trata-se de um problema social, cultural e até
econômico. Com o fracasso escolar justificam-se, posteriormente,
mais tumultos sociais, mais cadeias, mais clínicas psiquiátricas.
A educação não pode ser meramente um processo de influência
e reflexão do passado sobre o presente. Deve ser uma ciência
que permita ao educando se automedicar, acordar a consciência
e a responsabilidade mediante valores essenciais à vida. Uma das
finalidades da educação é autorizar que os jovens se concretizem
por meio da ação e do esforço pessoal para procurar e transformar
os valores culturais do passado, adaptando-os à realidade.
Os pais, os mestres e a própria instituição educacional têm como
objetivo imprimir a cultura, mas não apenas. Também têm como
desígnio ajudar o jovem a desenvolver a capacidade de criar suas
próprias formas de cultura; promover ao jovem o desenvolvimento
das habilidades pessoais para que ele mesmo seja capaz de
cogitar sobre o que lhe é transmitido, de aceitar, mas acatar com
espírito crítico, independência, liberdade e consciência.
Para John Dewey, “a educação não é algo que deva ser inculcado
de fora, mas consiste no desenvolvimento de dons que todo o ser
humano traz consigo ao nascer.” Destarte, a educação não seria
um processo de difusão ou de imposição dos valores culturais
assimilados pelas gerações mais velhas; não seria algo estruturado
deliberadamente pelas instituições, mas germinaria da alma do ser
humano.
Toda vez que se reflete sobre a educação, precisa-se, em princípio,
ponderar-se no ser em que vai processar-se a educação: o homem.
Esse, não apenas como elemento do educativo, mas como atuante
do processo educacional. É o homem que individualiza e estabelece
a estrutura, os fins e os objetivos da educação que pretende. Uma
educação para o homem que convive, e não para o indivíduo absorto;
para o homem que encara a vida, que busca situar-se, que aspira ser
.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PENIN, Sonia Teresinha de Sousa. Progestão: como articular a
função social da escola com as especificidades e as demandas
da comunidade? Brasília: CONSED, 2001
.
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