A Arte Contemporânea é uma
farsa: Avelina Lésper
Com
a finalidade de dar a conhecer seus
argumentos sobre os porquês da arte contemporânea ser uma“arte falsa“, a crítica de arte Avelina Lésper apresentou a conferência “El Arte
Contemporáneo- El dogma incuestionable” na Escuela
Nacional de Artes Plásticas (ENAP), sendo ovacionada pelos estudantes na
ocasião.
A
arte falsa e o vazio criativo
“A carência de rigor (nas obras)
permitiu que o vazio de criação, o acaso e a falta de inteligência passassem a
ser os valores desta arte falsa, entrando qualquer coisa para ser exposta nos
museus “
A
crítica explica que os objetos e valores estéticos que se apresentam como arte são aceites em completa submissão aos princípios de uma autoridade impositora. Isto faz com que, a cada dia, formem-se sociedades menos
inteligentes e aproximando-nos da barbárie.
O Ready Made
Lésper
aborda também o tema do Ready
Made, expressando perante esta
corrente “artística” uma regressão ao mais elementar e irracional do pensamento humano, um retorno ao pensamento mágico que nega a realidade. A arte foi reduzida a uma crença fantasiosa e sua presença em um mero significado. “Necessitamos de arte e não de crenças”.
Génio artístico
Da
mesma maneira, a crítica afirma que a figura do “gênio”, artista com obras insubstituíveis, já não tem possibilidade de manifestar-se na atualidade. “Hoje em dia, com a superpopulação de artistas, estes deixam de ser prescindíveis e qualquer obra substitui-se por outra qualquer, uma vez que cada uma delas carece de
singularidade“.
O status de artista
A substituição constante de artistas dá-se pela fraca qualidade de seus trabalhos, “tudo aquilo que o artista realiza está predestinado a ser arte, excremento, objetos e fotografias pessoais, imitações, mensagens de internet, brinquedos, etc. Atualmente,
fazer arte é um exercício ególatra; as performances, os vídeos, as instalações estão feitas de maneira tão
óbvia que subjuga a simplicidade criativa, além de serem peças que, em sua grande maioria, apelam ao mínimo esforço e cuja
acessibilidade criativa revela tratar-se de uma
realidade que poderia ter sido alcançada por qualquer um“.
Neste sentido, Lésper afirma que, ao conceder o status de artista a qualquer um, todo o mérito é-lhe dissolvido
e ocorre uma banalização. “Cada vez que alguém sem qualquer mérito e sem trabalho realmente excepcional expõe, a arte deprecia-se em sua presença e concepção. Quanto mais artistas existirem, piores são as obras. A quantidade não reflete a qualidade“.
Que
cada trabalho fale pelo artista
“O artista do ready made atinge a todas as
dimensões, mas as atinge com pouco profissionalismo; se faz vídeo, não alcança os padrões requeridos pelo cinema ou pela publicidade; se faz obras
eletrônicas, manda-as fazer, sem ser capaz de alcançar os padrões de um técnico mediano; se envolve-se com sons, não
chega à experiência proporcionada por um DJ; assume que, por tratar-se de uma obra de arte contemporânea, não tem porquê alcançar um mínimo rigor de qualidade em sua realização.
Os
artistas fazem coisas extraordinárias e demonstram em cada trabalho sua condição de
criadores. Nem Damien Hirst, nem Gabriel Orozco, nem Teresa Margolles, nem a já imensa e crescente lista de artistas o são de fato. E isto não o digo eu, dizem suas obras por eles“.
Para
os Estudantes
Como
conselho aos estudantes, Avelina diz que deixem que suas obras falem por eles, não um curador, um sistema ou um dogma. “Sua obra dirá se são ou não artistas e, se produzem esta falsa arte, repito, não são artistas”.
O público ignorante
Lésper
assegura que, nos dias que correm, a arte deixou de ser inclusiva, pelo que
voltou-se contra seus próprios princípios dogmáticos e, caso não agrade ao
espectador, acusa-o de “ignorante, estúpido e diz-lhe
com grande arrogância que, se não agrada é por que
não a percebe“.
“O espectador, para evitar ser chamado ignorante, não pode dizer aquilo que pensa, uma vez que, para esta arte, todo público que não submete-se a ela é imbecil, ignorante e nunca estará a altura da peça exposta ou do artista por trás
dela.Desta maneira, o espectador deixa de presenciar obras que demonstrem inteligência”.
Finalizando
Finalmente, Lésper sinaliza que a arte contemporánea é endogámica, elitista; com
vocação segregacionista, é realizada para sua própria estrutura burocrática, favorecendo apenas às instituições e seus
patrocinadores. “A obsessão pedagógica, a necessidade de explicar cada obra, cada
exposição gera a sobre-produção de textos que nada mais é do que uma encenação implícita de critérios, uma negação à experiência estética livre, uma sobre-intelectualização da
obra para sobrevalorizá-la e impedir que a sua percepção seja exercida com naturalidade“.
A criação é livre, no entanto a contemplação não é. “Estamos diante da ditadura do mais medíocre”
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