Educação tem má fama como profissão
Retirado de : http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/discurso-pejorativo-professor-prejudica-educacao-700797.shtml
Discurso pejorativo sobre o professor
prejudica a Educação
Wellington Soares wellington.soares@fvc.org.br
(apuração) Editado por Elisa Meirelles
Um estudo realizado pela USP mostra que os meios de comunicação colocam o professor como alguém despreparado. Entenda como isso impacta a Educação.
Indicadores positivos para falar da Educação brasileira não faltam: nas últimas décadas, a taxa de analfabetismo caiu de 20% para 2,5%; as matrículas chegaram a 97,6% entre as crianças de 6 a 14 anos; o orçamento do Ministério da Educação foi duplicado; mais de 11 milhões de jovens e adultos foram alfabetizados e o acesso ao Ensino Superior melhorou. Isso não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos, mas os avanços não podem ser esquecidos. Como enfatiza Cleuza Repulho, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) "precisamos garantir uma Educação pública de qualidade a uma quantidade grande de pessoas. Já o fazemos em muitos lugares, mas, infelizmente, isso não é notícia".
A falta de espaço nos meios de comunicação para falar sobre as conquistas de bons professores contribui para criar uma imagem negativa de quem trabalha diariamente na área. Ao retratar somente os problemas e colocar o docente como único responsável pelo fracasso escolar, tira-se o mérito dele. Ao mesmo tempo, os novos profissionais não tem estímulo para entrar nas salas de aulas.
É importante, é claro, trazer jovens cada vez mais preparados para a área, mas isso só pode ser feito se começarmos a valorizar quem hoje está nela. O estudo Atratividade da Carreira Docente, realizado pela Fundação Victor Civita (FVC) em parceria com a Fundação Carlos Chagas (FCC), mostra que os estudantes de Ensino Médio têm uma imagem muito ruim da docência. Eles percebem o professor como um profissional sem prestígio, com baixo salário e carga horária excessiva. Sem atacar esses problemas, não se pode falar de uma profissão atrativa de fato.
Valorizar a docência e oferecer melhores condições de trabalho a quem está nela é vital para que a profissão volte a ter o status que merece. A professora e deputada federal Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) comenta que há falhas nos cursos de Magistério e nas licenciaturas, mas ressalta a importância de se investir não apenas na formação inicial, mas também na formação continuada. "É preciso implantar cursos que façam sentido para o professor, que preencham lacunas de conhecimento nas áreas em que ele mais sente dificuldades no seu dia a dia", diz ela.
Em resumo, só olhar o lado negativo, culpar os docentes pelos problemas que a Educação ainda enfrenta e repetir o discurso de que o sistema educacional brasileiro é ruim não contribui para melhorar esse panorama. Mais do que apontar o dedo para quem está na ponta final do processo, é importante colocar em destaque as muitas iniciativas de sucesso, falar sobre as conquistas obtidas nos últimos vinte anos e debater os desafios dentro de um cenário mais amplo. A melhoria da Educação é fundamental, e só pode ser concretizada em parceria com o professor.
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