Obras de Adriana Varejão
FASCÍCULOS
Carioca de Ipanema, Adriana é filha de um ex-piloto de caça
da Aeronáutica e de uma nutricionista. Na juventude pensou em estudar
arquitetura, mas, numa época em que engenheiros cada vez mais assumiam
projetos, terminou fazendo vestibular para engenharia, na PUC do Rio.
Quando começou o ano, viu-se ''numa daquelas salas com 47
homens e três meninas". Não demorou muito a trancar matrícula e tentar
outro caminho: o desenho industrial. Inicialmente na mesma PUC, depois na
Faculdade da Cidade, onde foi fisgada pelas aulas de história da arte.
Até então, suas relações com esse mundo eram marcadas por
atividades nos tempos de colégio ou pela prosaica convivência com a coleção de
fascículos "Gênios da Pintura", que naqueles tempos havia conquistado
os lares da classe média brasileira.
Quando o artista norte-americano John Nicholson, que se
mudara do Texas para o Rio, anunciou um curso na faculdade, ela decidiu fazer.
Por essa época, assistiu a um filme que alimentou suas fantasias de se tornar
artista -"Adeus às Ilusões", com Liz Taylor, uma pintora que mora
numa cidade litorânea da Califórnia.
Naquele início da década de 1980, em meio à crise da
ditadura militar e também das utopias políticas, uma nova geração de artistas
se organizava em ateliês e trocava o intelectualismo conceitual da década de
1970 por uma pintura colorida, de pinceladas fortes, que seria rotulada de
neo-expressionismo.
Adriana começou a frequentar o Parque Laje em 1983, mas não
participou da famosa exposição "Como Vai Você, Geração 80?", inaugurada
em julho de 1984, que lançou nomes como Beatriz Milhazes, José Leonilson, Leda
Catunda, Luiz Zerbini e Daniel Senise.
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